segunda-feira, julho 25, 2005

Ela não dá ponto sem nó

Sabe do imprevisível, do inesperado?! Aquela coisa meio sem explicação, um troço meio sem pé nem cabeça, algo não muito lógico?!, pois é... quando não conhecemos todas as variáveis e nem conseguimos relacionar adequadamente as que sabemos quais são e quanto valem, falamos dessa maneira, atribuímos à sorte, dizemos que foi por acaso, e o acaso de alguma forma entrou nessa história, ou por alguma janela que estava escancarada, ou pela abertura na parede onde devia existir o ar-condicionado que ainda não comprei por mera falta de numerário, ou pela porta dos fundos que não agüenta nem um simples empurrão... e não falei em chaminé porque não é comum aqui por essas bandas e poderia ser o acaso confudido com Papai Noel, posto, nesse caso, fosse até compreensível, pois, afinal de contas, surgiu como um presente, e um presente e tanto!

De início, pareceu uma dessas coincidências muito comuns, coisas que acontecem todo o tempo e que, como não sabemos explicá-las, afirmamos que elas não têm explicação (eu já disse isso no parágrafo anterior, mas, por favor, deixe pra lá!).

Chegamos juntos ao elevador aquele monumento, minha vizinha, e do mesmo andar, e eu, quase pressionamos o botão ao mesmo tempo, mas ela reparou – porque eu só reparava nela – que havia um aviso pendurado na porta: “elevador enguiçado”.

O jeito era encarar a escada e isto, em qualquer outra ocasião, me deixaria puto, muito puto da vida, e, na melhor das hipóteses, eu levantaria substanciais suspeitas sobre a idoneidade moral da genitora do síndico, esculhambaria impiedosamente o pobre porteiro que não tinha nada com o peixe e exigiria o imediato comparecimento do zelador relapso que não fez o devido milagre para que o elevador voltasse a funcionar, mesmo sabendo que a empresa que fazia a manutenção do elevador havia interrompido o serviço há quase seis meses por falta de pagamento, mesmo sabendo que os condôminos, dos mais novos ao mais velhos, não tem, via de regra, a menor idéia do que significa a palavra condomínio, nem são exatamente civilizados quando as coisas dele utilizam, mas, naquele momento, achei a idéia de subir cinco andares fantástica!... E tratei de convencer aquela obra de arte a começar logo a subida, e antes que chegasse mais alguém!, pois não queria perturbação, queria ir do térreo ao quinto andar esquadrinhando sozinho aquela deusa... caprichando em cada olhada, aspirando cada detalhe, quiçá tendo a chance de forçar uma derrapagem em uma de suas deslumbrativas, tentadoras, insinuantes, carnudas e saborosas curvas... ah... que curvas!... fechadas!... abertas!... quantos sonhos me despertavam aquelas curvas!...

Nem bem havíamos vencido o primeiro lance da escadaria, e faltou luz...

De pronto, ela soltou um gritinho sensacional e se agarrou em mim...

Eu devia estar sonhando...

E pensar que, na útlima reunião do condomínio, eu havia liderado o movimento pela colocação de luz de emergência nas escadas... e havia ganhado a parada, ou seja, a luz fora aprovada por unanimidade... Felizmente!, o condomínio estava durinho da silva e, é claro, não tinha ainda tomado as devidas providências... Felizmente!... E eu ia ter tempo para, diante de todo o prédio, fazer todos os “mea-culpa” necessários e rever a minha posição!, e o faria rapidamente!

A maravilha se colou tão fortemente em mim, que eu podia ouvir aquele maravilhoso coração apavoradinho e, o que era infinitamente melhor, sentia e vivia toda a exuberância daqueles seios...

E ela ainda sussurava: “ai... me protege!”; “ai... estou com medo!”.

E eu: “calma... ai... ai... ai...”; “tá tudo bem... ai... ai... ai...”; “eu te protejo... ai... ai... ai...”

Naquela agarração toda, o inevitável aconteceu, confusão de braços, de mãos, de rostos... e as bocas acabaram falando uma quase dentro da outra... E veio aquele beijo... que beijo!... mas que beijo!..., ou melhor, que chupão!...

Eu, para protegê-la, tentava sugá-la...

Ela, para se sentir protegida, queria ser sugada...

E a sugação foi crescendo... as mãos, se expandindo... e o resto todo, se confundindo...

Os maravilhosos seios, a essa altura, já estavam livres da blusa e, assustadinhos!, brincavam em minhas mãos, e as dela já se encontravam dentro das minhas calças e, espantadinhas, manifestavam uma avidez espetacular...

Nunca imaginei que, no mais completo escuro, sem conseguir enxergar o que estava a um palmo de distância, pudesse eu ir tão longe e tão rapidamente, visto que sempre tive experiências vagarosas, titubeantes e curtas na escuridão, por exemplo, aquela cambaleante caminhada indo da cama ao banheiro para dar aquela mijada no meio da madrugada...

Bem... tudo ia muitíssimo bem, estava bom demais... aí, no melhor da festa, minha caríssima (e ponha caro nisso!) patroa, com um daqueles costumeiros estrebuchamentos elefânticos que só ela é capaz de fazer, me acordou..., e, com certeza, minha senhora não estrebuchou por acaso que ela não dá ponto sem nó, não prega prego sem estopa, e aquela ..., rããã!.., me desculpe o pigarro!, e minha esposa não larga do meu pé nem dormindo!