terça-feira, maio 10, 2005

Vocês estavam discutindo o que mesmo?!

Botequim... nem sei mais que horas eram... cada um já havia bebido pelo menos umas dez cervejas, e cada um tem sua marca predileta, além da cerveja, já tinham sido ingeridas várias doses do quente preferido de cada beberrão, que neste quesito os indivíduos esbanjam individualidade também, e surgiu o assunto e o debate: Temos complexo de inferioridade ou não é complexo não?

É claro que debate é eufemismo... o que se iniciou foi uma porradaria verbal incomensurável... pior do que a que sói acontecer quando o assunto é futebol...

Com trinta segundos de “debate”, quase todo mundo berrava e ninguém ouvia merda nenhuma...

Parecia que dessa vez a porradaria não ia ser só verbal quando seu Poli, seu Policarpo, nosso decano, até então absolutamente calado, interveio, e foi perguntando a um e outro:
- O que é que você bebe?!

No começo, era impossível ouvir a pergunta do seu Poli, mas ele insistiu... e perguntou pela segunda, pela terceira... pela décima vez... e, repentinamente, todo mundo se calou... e o seu Poli foi repetindo a pergunta, apontando pra um e outro:
- O que é que você bebe?!

Ninguém entendeu porra nenhuma e até os mais exaltados já pensavam em encher seu Poli de porrada..., e só não o fizeram em respeito ao decanato e, mais provavelmente, porque podia ser a arteriosclerose se manifestando em seu último e derradeiro grau!

Mas o Mário, vaidoso pra caralho, não quis deixar cair no chão a peteca, olhou pra cara do seu Poli e esnobou:
- Cerveja, e você sabe qual é marca!, e scotch, do rótulo preto pra cima...

O Barcelos, pra não ficar pra trás, emendou:
- Cerveja, e a minha marca não é essa merda que o Mário toma e que custa só dois e pouco... e conhaque, do espanhol pra lá...

E foi um tal de “cerveja cheia de aspas e comentários... e vodca russa”, e de “cerveja... e gim inglês”, e de “cerveja... e bourbon”, e de “cerveja... e uma legítima bagaceira portuguesa”, e de “cerveja... e um bom licor italiano”, e de “cerveja... e um verdadeiro vermute francês”, e de “cerveja... e saquê”, e de “cerveja... e áraque”, e por aí foi indo...

Mas seu Poli interrompeu bruscamente e fez uma outra pergunta:
- Quando vocês chegam em casa com a cara cheia, o que é que as mulheres dizem pra vocês?

E a reposta foi geral, imediata, uníssona, e tanto, que até parecia ensaiada:
- CACHAÇA sem-vergonha...

E, antes que o coro prosseguisse, seu Poli veio com outra pergunta:
- Vocês estavam discutindo o que mesmo?!