sexta-feira, maio 06, 2005

Foi no elevador...

Eu já estava dentro do elevador... talvez houvesse espaço pra mais uma pessoa... imagine quantos já não estavam lá dentro, tendo em conta que os elevadores do Avenida Central são enormes... mas... porra... um cara daquele tamanho... é sacanagem... é muita sacanagem... eu não sou bom nesse negócio de estimativa... mas aquela criança tinha bem mais de 2 metros e mais de 150 quilos, e ponha bem mais nisso!... e, é claro, entrou como se estivesse vazia aquela porra... obviamente, ninguém reclamou... já sei!, você vai dizer que reclamaria, que botaria a boca no trombone... eu sei... sei muito bem em que trombone você ia botar a boca... bem, voltando à vaca-fria... o grandãolhãozão entrou, se instalou e cagou e andou pra todo mundo... e nós, as merdinhazinhas, nos apertamos como deu... e ficou tão apertado... mas tão apertado... e eu estava tão preocupado em não incomodar o grandãolhãozão... que nem reparei no bundão que a morena encostou... encostou não!... achatou o bundão no meu experiente órgão sexual (velho... é a p...!)... em qualquer outra circunstância, teria saboreado aquela subida!, junto com a do elevador... mas, não deu... naquelas circunstâncias, não deu... de fato, estava tão assustado com o grandãolhãozão, que só fui tomar consciência do bundão da morena muitas horas depois... e fazia um movimento qualquer o grandãolhãozão, por menor que fosse, e a gente se exprimia ainda mais, e tanto, que quase não dava mais pra respirar... e o elevador sacudia e balançava no ritmo do grandãolhãozão... até que, de repente, o elevador parou e a porta se abriu... só que havia parado entre um andar e outro... e apareceu aquele pedaço de parede branca... bem, eu só vi um fiapo dela porque o grandãolhãozão estava na minha frente (a propósito, por que são sempre pintadas de branco essas paredes?... deixe pra lá...)... quando a tal parede apareceu... porra... foi um verdadeiro terremoto... o grandãolhãozão deu um berro ensurdecedor... foi um urro pavoroso... ato contínuo, esticou lateralmente os braços, e nem precisou esticá-los cem por cento pra colar as palmas das mãos nas paredes laterais do elevador... e começou a gritar feito um louco: SOCORRO.. SOCORRO... SOCORRO... e esse socorro que você está vendo aí em letra maiúscula ampliada não é merda nenhuma diante do berro do grandãolhãozão... e, pior, o puto, quer dizer, o putãolhãozão tremia tanto... tanto... que parecia que o elevador ia despencar a qualquer momento... estava com tanto medo o grandãolhãozão que ninguém mais teve coragem de manifestar medo também... aí... o inusitado aconteceu... uma senhora já bem idosa, bem idosa mesmo, e pequenininha, botou a mão no grandãolhãozão e, com a maior tranqüilidade desse mundo, disse ao cara: “Calma, meu filho, calma, daqui a pouco essa geringonça (pelo termo, calculem a idade dela...) funciona direitinho...”... o grandãolhãozão só não pulou no colo da senhora porque era física, matemática e humanamente impossível... mas a agarrou de um tal jeito que ela sumiu, literalmente sumiu... nem vou falar de nós... a essa altura ocupávamos uma pequeníssima fração daquele espaço... subitamente, se fechou a porta do elevador e a geringonça subiu... nesse momento, o grandãolhãozão teve um espasmo tão descomunal!... tão dantesco!... que quase o elevador explodiu... mas, milagrosamente, nada aconteceu... e, pouco depois, a porta se abriu... e era um andar... tenho absoluta certeza de que o grandãolhãozão nem viu direito o que havia em sua frente... mas deu um salto lá pra fora... e um salto tão rápido e tão forte que o Avenida Central balançou... e no trajeto esbarrou num baixinho que estava quase embutido na botoeira... não deve ter passado de mero esbarro, mas o baixinho... bem, não era tão baixinho assim, mas perto do grandãolhãozão era um pigmeu... mas o baixinho fez uma cara de dor tão impressionante que, apesar da minha evidente alteração nervosa, consegui sentir pena dele... e, ato reflexo, o baixinho berrou pro grandãolhãozão que já estava lá fora, embora ainda oscilasse (um cara daquele tamanho não treme, oscila!) e estivesse esverdeado (coisa de Hulk mesmo!), repetindo, o baixinho berrou pro grandãolhãozão: CAGÃO DE MERDA!... num piscar de olhos, o grandãolhãozão foi do verde encagaçadíssimo ao vermelho irado pra caralho e parou de oscilar, olhou furiosamente pra dentro do elevador e retumbou, fazendo chover torrencialmente cuspe dentro do elevador: VOU DAR PORRADA!... foi a sensação mais estranha que senti na minha vida... e, não tenho vergonha de dizer, me escondi atrás do bundão da morena... e bundão da morena é força de expressão porque naquele momento não era mais do que o único esconderijo disponível e até precário... e o pânico que o enguiço da geringonça não conseguira provocar agora se instalava... e a porta não se fechava... que tormento... quando o fim aterrador parecia iminente... outra vez a idosa e salvadora senhora entrou em ação e, dessa vez, pra nos acalmar, em voz firme e suave ela disse: “Pessoal, calma, fiquem calmos, esse CAGÃO!!! não volta aqui nunca mais”, e o elevador inteiro se mijou de tanto rir... uma boa parte do mijo, sem dúvida, era ainda por causa do medo anterior... e mais uma vez não pude curtir o bundão da morena que continuava no mesmo lugar e, agora, gargalhando escancaradamente...